Mãos pequenas colhiam os
frutos, tão doces e apetitosos,
Se alimentando da árvore
magra.
Com seus galhos tão finos e
longos, era como uma mão encantada,
E as crianças se fartavam
nela.
Ainda era de tarde,
Primavera amena e
misteriosa,
Onde os seres saíam para
brincar.
O suco doce escorria por
entre seus dentes;
Com os lábios roxos,
mastigavam como pequenas feras.
Entre outras árvores ali
perto,
Um grupo fazia uma dança;
Dançavam em círculo, mãos
unidas,
Seus movimentos eram
graciosos, mas tinham algo de selvagem, alegre;
A dança celebrava algo.
Bem no centro do rito, um
cesto repousava;
Frutos? Flores? Sementes?
O que continha seu
enigmático conteúdo?
A menina deu uma mordida em
sua amora, e um gosto estranho ecoou em sua boca...
Era sangue o que ela degustava.
Olhavam novamente para a
dança, e um novo personagem chamou sua atenção:
Havia uma criança ali.
Um menino, ainda mais novo
do que eles.
O medo agora dançava naquele
pomar.
Um por um, os dançarinos
retiravam um facão do cesto
E então suas mãos os faziam
perfurar a carne do menino.
Antes que pudessem se
cansar, eis que uma foice traz o golpe certeiro.
Mulher, homem, velha, jovem,
fazendeiro, lavrador;
Todos festejavam o sangue.
Crianças corriam depressa,
Fugindo do horror que seus
olhos viram.
Contudo, três seres havia
parados perto da cerca;
Em seus olhos e suas
enxadas, um convite forçado:
Eles também iriam celebrar.