Alice não sentia a chuva feroz que despencava. Sua pele frágil estava úmida, bem como seus cabelos castanho-claros. A barra azul de seu vestido roçava na lama, a imundície onde seus pés pisavam com a leveza de uma pluma.
Ela atendera ao chamado. A voz que a seduzira durante aqueles dias, ecoando em todos os cantos da fazenda, atraíra a menina até ali. Os morros negros e a histeria dos animais eram apenas o cenário e a sinfonia desta peça. A figura na escuridão, o mestre de todo o terror nas redondezas, aguardava Alice. Ela era tão jovem, tão doce, tão inocentemente bela. Um anjo, de aroma tão delirantemente irresistível. Uma peça valiosa que aquele ser tinha de levar consigo.
Alice estendeu sua mão. A figura na escuridão tomou a criança em seus braços, desaparecendo na noite. A chuva elevou sua fúria, e a noite ficara mais escura sem a inocência vestida de azul.
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