Deixe-me vanescer,
mas mantenha meu corpo sólido.
Deixe-me respirar,
mas cubra-me de terra.
Deixe-me ver a luz, para
poder vendar meus olhos.
Deixe-me sorrir e
então me faça chorar.
Deixe-me entrar, só
para ter o prazer de me obrigar a sair.
Deixe-me ver o
caminho certo, mas me faça cruzar o atalho errado.
Deixe-me criar uma
história, mas me faça queimar o papel.
Deixe-me perto
demais, mas distancie-se no final.
Deixe-me plantar o
lírio, mas garanta que eu me esqueça de regá-lo.
Deixe-me saber o que
são laços, mas destrua-os sem piedade.
Deixe-me expor para
não me entender.
Deixe-me ser feliz,
mas me lance à miséria.
Deixe-me à vontade,
somente para me ver deslocado.
Deixe-me viver ao seu
lado, mas me deixe morrer sozinho.
Deixe-me mostrar a
verdade e então vire às costas.
Deixe-me segurar sua
mão, sem dizer que não tem forças para me erguer.
Deixe-me sonhar
acordado, sabendo que nada terei quando despertar.
Deixe-me ver o
conteúdo de sua alma, para que eu me depare com o meu vazio.
Eu imploro, deixe-me ficar.
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